Finitude

Nos últimos tempos, tenho vivido experiências profundas com Deus. Aprendi, ao cuidar de uma amiga em estado terminal, difíceis lições sobre finitude, solidariedade, esperança, descanso e dependência. Entendi que, quando os recursos humanos se esgotam, o que nos resta é esperar, com tristeza, que o sofrimento acabe para que, finalmente, o encontro com o Senhor aconteça. Mesmo em meio ao sofrimento, a família, os amigos e eu fomos consolados pelo Senhor, que nos confortou num momento de rara beleza, trazendo alívio e se revelando pela maravilha da natureza.

Em um dos canteiros no jardim daquela casa foi plantada, há muito tempo, uma flor chamada dama-da-noite. Seus botões se abrem uma vez ao ano, apenas quando anoitece. Suas flores e seu perfume duram somente algumas horas. Mais de trinta botões estavam dando sinal de que se abririam e foi assim, depois de um dia difícil com uma chuva pesada, que, ao anoitecer, eles começaram a desabrochar lentamente. Que momento! Ficamos debaixo da garoa apreciando, filmando, fotografando e fazendo chamadas de vídeo com a família e amigos, mostrando a perfeição da criação que se revela por meio de tanta beleza e do cuidado de Deus para com seus filhos. Todo o cansaço e tristeza foram esquecidos por algum tempo. Aquele momento nos ensinou que, assim como aquelas flores são tão efêmeras, a nossa vida também é passageira.

Somos como botões que se abrem por algum tempo e vão deixando somente as imagens para quem os observou. Resta saber o que deixaremos. A preciosa vida que se apagava a poucos metros daquele canteiro, assim como aquelas flores, deixaram um rastro de beleza, perfume e testemunho que jamais serão esquecidos. Nós também poderemos ser um sopro perfumado e belo quando o Senhor nos aquece com o sol, nos rega com a chuva, nos dá o crescimento e nos acolhe no céu.